O vendedor de tapiocas.

Estava sentada, como sempre, esperando resolução pras burocracias da vida, quando escuto falarem de beleza. Beleza? Me atentei a conversa discretamente pra entender a que tipo de beleza se relacionava. Era um vendedor de tapiocas quem tinha a voz e era dele que partia a concepção da tal beleza. Não deu pra entender bem, só escutei o finalzinho (e foi o bastante) em que ele dizia: "A beleza existe, é relativa e depende dos olhos de quem vê. Minhas tapiocas são as coisas mais lindas que eu vejo nesse momento."
Depois ele passou por mim e com um sorriso tão bonito me ofereceu, eu correspondi com meu sorriso mais sincero, porém não aceitei e sei que mesmo tendo recusado, aquelas tapiocas continuaram sendo as coisas mais bonitas que ele tinha naquele momento. A beleza no caso dele surgia de um referêncial, vinha de algo tão simples, mas que fazia uma grande diferença no final do mês. A beleza está nos detalhes e na capacidade de enxergar o belo no lugar mais simplório. Mais bonitas do que aquelas tapiocas era o vendedor, que encontrou nelas uma beleza omissa capaz de transformar sua vida.


(Kennya Cerqueira)

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