Seiva doce.
Sentada no chão gramado, a moça encostou-se numa árvore quando começara a chover.
Dos pingos que caíam pelo rosto, faziam-se lembranças quase sólidas de um passado ainda vivo.
Olhara ao redor e uma paisagem chamuscada de gotas se escondia por trás dos seus olhos marejados.
Suas lágrimas misturavam-se às gotas frias que vinham do céu; seu choro era chuva.
Aquele lugar...pensara ela. Aquele lugar fora dela, aliás, deles. Situou-se repentinamente e voltou-se para o caule da árvore que lhe abrigara. Com o choro contido, focou-se calmamente passando seus dedos enrugados sobre duas iniciais: J e P, de onde saíam seivas, como se cravadas naquele exato momento.
- Meu Deus, foi aqui. Disse Janine para si, como se gritasse para as diversas árvores ao seu redor.
- Janine e Paul, para sempre...terminara de ler, agora com um som suave vindo de seus lábios molhados de chuva.
Paul, havia partido pra não mais voltar, mas a seiva doce do encanto cravado de amor ficara pra sempre na árvore, como em seu coração.
(Kennya Cerqueira)
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